Guarujá avança em tratativas para integrar pontos históricos a programas da Unesco
Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande é apontada como principal ativo histórico para inclusão em rede internacional de territórios reconhecidos
Guarujá deu mais um passo significativo rumo ao reconhecimento internacional de seu patrimônio cultural e histórico. Na última semana, a Prefeitura recebeu o presidente da Rede Brasileira de Geoparques Mundiais da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), Eduardo Guimarães, em uma reunião estratégica para tratar da inclusão de pontos históricos do município em programas da entidade.
O encontro, realizado no dia 25, reuniu o secretário adjunto da Secretaria de Turismo (Setur) e o diretor de Eventos e Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura (Secult). O foco das tratativas foi destacar o potencial de integração da Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande e da Ermida de Santo Antônio do Guaibê como ativos históricos e culturais com relevância internacional.
Patrimônio de valor global
Durante a reunião, foi destacada a importância da chancela da Unesco como ferramenta de valorização territorial e fortalecimento das políticas públicas ligadas ao turismo, cultura, ciência e desenvolvimento sustentável. A inclusão em programas da organização exige propostas consistentes e contínua articulação institucional, mas, em contrapartida, abre caminho para parcerias estratégicas e atrai investimentos nacionais e internacionais.
A Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande desponta como protagonista no projeto. Reconhecida por sua relevância histórica e arquitetônica, a estrutura foi inicialmente indicada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como um ativo de potencial para o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. Agora, a atual gestão municipal pretende retomar e atualizar essa proposta, em um trabalho integrado entre as pastas de Turismo e Cultura.
Já a Ermida de Santo Antônio do Guaibê, localizada em um dos pontos mais tradicionais da cidade, também foi apontada como espaço de grande valor cultural e turístico. Sua história ligada ao período colonial e sua importância religiosa tornam o local um candidato natural para compor um roteiro de patrimônio reconhecido pela Unesco.
Benefícios para a cidade
Para o presidente da Rede Brasileira de Geoparques Mundiais da Unesco, Eduardo Guimarães – que é natural de Guarujá – o reconhecimento internacional representa uma oportunidade de transformação para o município.
Segundo ele, integrar a cidade à rede de Geoparques pode gerar ampla valorização do território, fortalecer a hotelaria, o comércio e ampliar o fluxo turístico. Como exemplo, Guimarães citou o caso do Geopark Araripe, no Ceará, considerado um modelo de integração entre turismo, ciência, cultura e preservação ambiental.
“Hoje, o Araripe recebe mais de 2 milhões de visitantes por ano, repatriou quase mil fósseis da França e até um exemplar da Alemanha que comprova a evolução dos dinossauros para as aves. Essas articulações internacionais geraram investimentos de R$ 28 milhões em equipamentos e bolsas de pesquisa. Trata-se de um museu a céu aberto que coloca o Brasil em evidência mundialmente. Quero ajudar minha cidade natal a trilhar esse mesmo caminho”, afirmou Guimarães.
Ele também convidou representantes de Guarujá a conhecer de perto a experiência cearense, reforçando que será uma oportunidade valiosa para entender como o reconhecimento da Unesco pode transformar um território em vitrine internacional.
Valorização da cultura e da identidade local
A Secretaria de Cultura de Guarujá destacou que investir na preservação e valorização do patrimônio histórico é um compromisso com a identidade cultural do povo. Segundo o secretário da pasta, cada iniciativa que resgata e fortalece a história local amplia a capacidade do município de atrair turistas durante todo o ano.
“Integrar pontos históricos de Guarujá à rede internacional de territórios reconhecidos pela Unesco é um passo fundamental para inserir a cidade na rota do Patrimônio Cultural Mundial. É um movimento que gera reconhecimento, promove pertencimento e reforça nossa vocação como destino turístico e cultural”, destacou.
O secretário adjunto da Secretaria de Turismo também reforçou a importância da retomada de projetos estratégicos que estavam paralisados. Segundo ele, a integração com a rede de Geoparques da Unesco pode abrir portas para novos investimentos, promover visibilidade internacional e consolidar Guarujá como destino turístico sustentável.
“Estamos alinhados com a proposta de buscar parcerias sólidas e oportunidades que elevem o município a um novo patamar de reconhecimento. O fortalecimento do turismo, aliado à cultura e ao patrimônio, é essencial para diversificar a economia e gerar empregos”, afirmou.
Potencial turístico e econômico
O movimento para inserir Guarujá na rede da Unesco também dialoga diretamente com o fortalecimento da hotelaria, gastronomia e do comércio local. O município, conhecido por suas belezas naturais e por ser um dos destinos litorâneos mais procurados do Estado de São Paulo, passa a ter condições de ampliar sua atratividade não apenas como destino de lazer, mas também como referência em cultura, história e ciência.
Com a chancela da Unesco, Guarujá poderá receber mais visitantes nacionais e internacionais interessados em experiências culturais e históricas. Isso gera um ciclo virtuoso: maior fluxo turístico, incremento na arrecadação municipal, fortalecimento da cadeia produtiva do setor e geração de empregos diretos e indiretos.
Desafios e próximos passos
O caminho para conquistar o reconhecimento internacional é desafiador e exige dedicação das diferentes esferas de governo, além de apoio da sociedade civil e do setor privado. Entre as etapas necessárias estão a elaboração de projetos consistentes, a comprovação da relevância histórica e cultural dos pontos indicados e a articulação com parceiros nacionais e internacionais.
Nesse sentido, a retomada do projeto iniciado pelo IPHAN, somada ao apoio da Rede Brasileira de Geoparques, representa um avanço significativo. A expectativa é que, nos próximos meses, novas reuniões e visitas técnicas sejam realizadas para detalhar propostas e consolidar um plano estratégico.
Um novo olhar sobre Guarujá
A possível inclusão da Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande e da Ermida de Santo Antônio do Guaibê na rede da Unesco vai muito além da preservação histórica. Trata-se de reposicionar Guarujá no cenário internacional, ampliando seu papel como destino turístico cultural, científico e sustentável.
Com a soma de esforços entre poder público, entidades culturais e representantes da Unesco, a cidade se prepara para dar um salto histórico e consolidar sua identidade perante o mundo. O processo é desafiador, mas os frutos esperados são expressivos: reconhecimento global, fortalecimento da economia local e valorização da memória coletiva.
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